Inclusão Social

Associação Visinuarte lançou-me o desafio de fazer um trabalho com o tema “Inclusão Social”, algo que eu Pedro Teixeira fiz com muito prazer… Assim aqui deixo o trabalho realizado para poderem consultar.

Este trabalho também foi publicado no site da Associação Visinuarte, fica aqui o link https://www.visiunarte.com/blog

Hoje estou aqui para falar de questões relacionadas com inclusão social.

Apesar da minha idade, nunca tive nenhuma história assim grave de falta de inclusão social, pois sempre fiz uma vida normal. Mas hoje quero-vos falar um pouco sobre esta temática.

Na minha modesta opinião, é impossível falar de inclusão sem falar em questões ligadas à acessibilidade, estes assuntos não se resumem somente a problemas arquitetónicos como muitas vezes é debatido nos meios de comunicação. No meu caso como tenho uma deficiência ligeira nunca tive grandes problemas com esse fator, mas gostava de vos falar da acessibilidade sem ser arquitectónica, como por exemplo a acessibilidade de comunicação, quero fazer uma pequena reflexão para começarmos. Estamos na altura do Verão e como todos sabemos, espera-nos o período mais crítico dos incêndios e vão começar os comunicados da proteção civil e muito bem, agora pensem comigo, quantos comunicados da proteção civil vêm acompanhados por um tradutor gestual? Logo aí é um caso em que se pode dizer que não há inclusão social, porque todas as pessoas com problemas auditivos não vão conseguir entender ou não vão ter acesso a essa mensagem, logo estamos perante um caso de exclusão. Olhando para outro ponto da acessibilidade e essa tem mais a ver com a minha área de formação, vou dar como exemplo dois sites, o da Presidência da República Portuguesa e o site, Portal das Finanças, dois sites que deviam ser acessíveis a qualquer pessoa, salientando o site das Finanças, que é onde todos nós podemos tratar online  dos nossos impostos e outros assuntos pessoais importantíssimos da nossa vida, mas a verdade é que nenhum destes dois websites estão preparados para questões relacionadas com a acessibilidade online, pois não contém coisas básicas e que fazem toda a diferença, como por exemplo,  a opção de aumentar o texto, ou de contraste de texto do site, para pessoas com problemas visuais, não está preparado para a leitura de tela, coisas tão simples como estas são assuntos que devem ser levantados quando se fala de inclusão social.

Eu com 26 anos nunca tive problemas de discriminação, o povo português é bastante acolhedor, compreensivo e gosta de ajudar. Eu também tive a necessidade de poder ajudar os outros e por isso, criei um canal no youtube denominado de “Tecla 3 Pedro Teixeira”, podem desde já seguir, onde desafio pessoas com deficiências a virem para a rua, virem para a rua não por uma questão de lutar pelos seus direitos, e atenção, isso é super importante, porque só reivindicando e lutando é que podemos conquistar mais coisas, mas sobretudo pelo direito que temos a viver, conforme dizia Aristoteles “o homem por natureza é um animal social” assim sendo e com toda a certeza eu desafio cada vez mais as pessoas saírem e viverem em comunidade, porque muitas vezes esta questão de inclusão passa por a própria pessoa com deficiência prontificar-se a sair de casa e viver. Para mim esta questão de inclusão é forte mas ao mesmo tempo é falsa porque nós só andamos a discutir estes assuntos devido à educação social que recebemos e não porque devemos seriamente refletir nisto.  Uma pessoa com deficiência é diferente e isso é um facto, mas não tem de ser tratada de maneira diferente, tem é de ser respeitada, temos é de compreender as limitações, porque todos nós, tendo uma deficiência ou não, temos limitações e vivemos bem com isso. Agora o problema esta, quando se depara com uma pessoa que tem uma limitação visível, como por exemplo motora, e por essa razão ande numa cadeira de rodas, nós devemos ter a preocupação de a tratar e ter outro cuidado, temos de ter cuidados físicos, porque é obvio que a mobilidade é diferente, logo eu acho que muitas vezes se confunde a questão da deficiência com questões cognitivas. Isto leva-me a dizer assim, reparem no Stephen Hawking que foi um génio. Por isso, mais uma vez deixo aqui a mensagem para pessoas ditas normais e com deficiência, se houve um Stephen Hawking, pode haver um pequeno Stephen Hawking em todos nós.

Outro assunto que gostaria de abordar aqui e uma vez que isto é um blog, e sendo que sou ligado às artes cénicas também, é a problemática de uma pessoa com mobilidade reduzida assistir a um espetáculo. Ora, até há bem pouco tempo estavam limitados aos corredores, hoje-em-dia já há salas de espetáculos em que pensam e há um lugar sem as cadeiras para colocar a cadeira de rodas, mas isto não basta, porque uma das coisas que temos de pensar e só assim é que estamos a pensar em inclusão social, é quando se vai a um espetáculo, como por exemplo uma peça de teatro, ou filme, é que normalmente estas atividades se fazem em grupo e se os lugares reservados a pessoas com deficiência são em sítios específicos, reparem, estão a condicionar essa pessoa, estão a condicionar todo o grupo e não faz sentido nenhum ir a um espetáculo sem ser em grupo, porque ir a um espetáculo é uma atividade social e se queremos falar em inclusão temos de pensar que um grupo pode ter uma pessoa de mobilidade reduzida. A tecnologia, tem soluções técnicas, uma das sugestões que deixo para esta problemática especifica, é, porque não as cadeiras poderem ser removidas? Isto iria permitir que uma pessoa em cadeira de rodas pudesse circular, sentar ou se colocar na sala de espetáculo consoante o bilhete e onde escolhesse.

Para concluir, o pensamento em relação a inclusão social tem de ser sempre o seguinte “O que podemos fazer para abranger o máximo de pessoas portadoras de deficiência?” Não esquecendo que existem vários tipo de deficiências e sequelas , o trabalho que se tem realizado em Portugal tem sido fantástico mas ainda temos um longo caminho para percorrer

Nesta quarentena ainda há quem se ria…

Eu aposto que neste momento de quarentena, há pessoas com deficiência, estou a referir-me a aquelas que estão em casa por não poder sair sem ajuda de terceiros. Sim, pessoas com deficiências graves, que neste preciso momento se estão a rir-se à grande.

Numa altura em que os portugueses estão obrigados a ficar em casa, e sem mais ideias do que fazer para passar o tempo. Entre o teletrabalho uma série ou mesmo filmes na Netflix, ainda temos a internet, Facebook, Instagram, Youtube e lista continua por aí afora, não podemos esquecer os pacotes de televisão com dezenas de canais e os livros para quem gosta de ler.

E mesmo com tanto para fazer em casa, já há portugueses entediados e arrancar cabelos por estarem a 2 semanas fechado e sem poder sair à rua.

Eu sei, esta situação está a ser muito complicada, eu também estou na mesma situação. Mas neste momento penso o quantos as pessoas com deficiências graves esta a rir literalmente das nossas caras.

Estas pessoas que estão mais que habituadas as estar em confinamento nas suas casas, não te deixe enganar, em alguns casos estão confinadas aos seus quartos e só saem para fazer tratamento ou ir a consultas médicas.

Nestes tempos difíceis de quarentena para eles não nada mais que um dia de semana normal.

Quando esta pandemia global passar, vamos retomar as nossas rotinas como antes. Contudo estas mesmas pessoas com deficiências graves vão continuar no que nestes dias se chama de quarentena.

Portanto agora e futuramente quando nós lamentamos que não podemos ir sair à rua para trabalhar, fazer exercício físico ou até mesmo ir tomar um café na companhia da aquele grande amigo, lembrete em Portugal há dezenas de pessoas com deficiências que passa uma vida em isolamento.

Temos essa noção porque, em tempos normais lá vamos partilhando e compartilhando uma ou outra história que nos vai aparecendo nos feed´s nas redes sociais.

Vamos ficar em casa e continuar com a quarentena, e tentar não perder a cabeça. Afinal não vou dar o gostinho de se rirem da minha cara. Se for para isso que riam dos meus vídeos do Youtube.

Banda Desenhada da História do Tecla3

Esta é a história do tecla3, em versão banda desenhada, realizada em Adobe Illustrator, para um placar sobre histórias de sucesso de integração da pessoa com deficiência do Agrupamento de Escolas do Fundão.
Espero que gostem.